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Temor

Essa palavra pode ter dois significados principais. O primeiro, mais concreto e mais usado, nos remete a condição de insegurança e intranquilidade. O segundo, mais abstrato e mais espiritualizado, nos permite pensar em respeito e obediência. Confesso que prefiro a segunda definição, pois, na vida, não há nenhum mal em se sentir inseguro ou ter medo. O mal acontece se essas premissas impactam seu viver e acabam por conduzir uma esquiva para a própria vida. Logo, respeitar suas dificuldades é importante para trabalhá-las. Logo, obedecer a alguma limitação, sem aceitar essa condição para sempre, é necessário para sobrepujá-la e, ao final, vencê-la.

Nas lutas marciais, nos treinos e nas competições vamos aprendendo isso. Fica mais uma vez a dica. Pratiquem artes marciais.

Régis Barros

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Instilar a confiança

Hoje, por coincidência, vesti essa camisa para ir aos trabalhos do dia. Ela faz todo o sentido, pois se encaixa perfeitamente a minha realidade de psiquiatra. Quem me procura, no trabalho, inevitavelmente, sofre. Quem me procura, certamente, está amedrontado e machucado. A dor emocional é assim – ela de forma certeira causa medo, arranhões e cicatrizes.

E como causa…

Pois bem, o tratamento estará em usar de todos os recursos possíveis para confrontar a dor emocional. Usar de todas as possibilidades para vencê-la ou, pelo menos, submetê-la. Tal qual as artes marciais, entendo que o psiquiatra luta, junto com quem o procura, para submeter a dor emocional e para retirá-la do cerne do viver.

Então, reforço o que está na minha camisa: transformar o medo e a dor em confiança é preciso.

Fazendo uma deferência às artes que, orgulhosamente, pratico, eu afirmo que o Jiu-Jitsu, a Luta Livre e o Kickboxing permitem transformar o medo em confiança.

Pratiquem artes marciais.

Régis Barros

Dr.Régis Barros (Psiquiatra e atleta de Luta Livre, Kickboxing e Jiujitsu)
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Viver é lutar, viver é resistir

É isso. Podemos ter várias definições do que é viver, mas o título desse pequeno escrito é, pelo menos para mim, a melhor delas. Viver é uma estrada a percorrer e, ao percorrê-la, teremos a possibilidade de desfrutar de belíssimas paisagens, contudo encontraremos incontáveis dificuldades. Nem sempre a rota está plana. Nem sempre a estrada do viver é um “tapete”. Encontraremos obstáculos e muitos deles serão duros, dolorosos e difíceis. Alguns deles poderão até nos fazer pensar em desistir. Então, o que nos resta é resistir. O que nos resta é lutar. Tal qual na luta marcial, para viver, portanto, é preciso desse binômio: lutar e resistir. Quando estamos tomando sufoco, seja nas lutas ou seja na vida, cabe-nos, resilientemente, encontrar forças para continuar. Cabe-nos, mentalmente, tentar suportar. Nessas horas, é preciso respirar. Mesmo que o golpe do adversário ou da vida esteja encaixado, cabe-nos resistir e cabe-nos lutar. Ao fazer isso, teremos, quem sabe, a oportunidade de contra-atacar e reverter o prejuízo. Sim, eu sei que não é fácil. Mas, talvez, por isso mesmo, viver é algo tão especial. É, por isso, que lutar também é algo especial. Quem luta sabe o que estou a falar. Desse modo, termino passando a seguinte mensagem.

Mantenha-se firme a despeito do oponente e do revés da vida. Coragem, força, disciplina e determinação. No tatame da vida, acredite em você mesmo.

(*) Foto que representa minhas duas equipes de luta agarrada (Juquinha Jiu-Jtsu e Brasília Luta Livre)

Régis Barros

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Relatos de um atleta da BLL

Isso é um desabafo! Aqui na BLL não somos números financeiros, não somos uma vitrine de lutadores, nosso portal não transmite venda de um produto. Somos uma equipe, irmãos, não estamos a venda. Todos aqui são bem vindos!

Não quer dizer que não precisamos de dinheiro, mas não precisamos de pessoas que nos compre. O nosso sucesso vem da perseverança, da verdade, do carater, honra, respeito e lealdade.

Atleta da BLL em primeiro lugar precisa ser leal, ser destemido e dedicado. Se deseja uma equipe de verdade, aqui é o seu lugar.

O mar é vasto, grande, gigantesco e como somos uma equipe de Luta Livre Esportiva esse mar não tem fronteiras, não estamos a deriva, mas somos um cargueiro gigantesco avistando terra ao mar.

Temos oportunidade na mão de conquistar o mundo, não somos um em mil, somos um em poucos e quando trata-se de ter o nome específico “BRASÍLIA LUTA LIVRE” nos tornamos mais únicos, somos raros, somos expecialistas em Luta Livre Esportiva. Nosso nome só carrega a Luta Livre, não carregamos o MMA, JIUJITSU, BOXE, JUDO entre outras especialidades.

Carlos Neri (Cachorrão).

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A vida se resume em lutar

Os filósofos existencialistas filosofam sobre o existir e, nas suas análises, a existência é algo muito maior do que o estar vivo. Existir é percorrer a jornada do acontecer entendendo que a liberdade do escolher traz angústia, pois a escolha produz, inevitavelmente, dores. E, para eles, essa angústia ou a dor que emana dela, é a matéria prima da vida. Ou seja, é impossível ter vida sem ser tocado pela angústia e as suas dores. Na verdade, a angústia, nesse existir, é algo mais presente do que queríamos aceitar. Mas, a verdade é: viver, por mais que seja massa, pode representar um encontro profundo e, por vezes, recorrente com a angústia. Todos nós, sem exceção, sentiremos a angústia e isso será de maneira repetida. No entanto, esses existencialistas nos ensinam que, na angústia, poderemos encontrar nossa autenticidade. Consequentemente, a cada ciclo resiliente de embate contra a angústia, acabamos por crescer. Numa linguagem das lutas marciais, vamos nos tornando, cada vez mais, “cascas grossas”. Essa vida clama que nos tornemos isso – “cascas grossas” resilientes. Vamos receber porradas, ficaremos tontos, assimilaremos o impacto, recuperamos a moral e seguiremos. Seremos capazes de seguir mais duros e mais fortes, pois, logo depois, novas porradas, até, mais poderosas nos atingirão. É preciso fé! É preciso atenção e foco para que elas não nos derrubem. Seremos capazes de suportar e sustentar, pois, ao existir, poderemos e deveremos querer ser “cascas grossas”. A vida demanda disso…

Régis Barros

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Felicidade!

A felicidade é um dos sentimentos mais difíceis de descrever na sua totalidade. A meu ver, é praticamente impossível traduzi-la em palavras, pois ela não é meramente descritiva. Ela é essencialmente algo vivencial. Ela habita em cada um de nós. De certo, ela pode chegar de fora. Não é incomum a presença da felicidade por circunstâncias externas. Todos nós, uns mais outros menos, já fomos presenteados com uma felicidade ofertada por alguém ou por algo. No entanto, a felicidade mais revolucionária é aquela que conquistamos. Essa é mais permanente, pois, ao conquistá-la, nós nos modificamos. E, ao nos modificar, nós evoluímos e crescemos. Esse processo leva-nos a entender que a felicidade não é um item supérfluo a ser comprado numa prateleira. Não podemos comprá-la! Nessa vida, que nos açoita (e como açoita!), precisamos compreender o nosso protagonismo. Ciente das nossas agruras da vida, que já vieram ou que ainda hão de vir, deveremos escolher entre a inércia, a esquiva, o medo, o ressentimento e o desejo de desistir ou entre a luta por querer mais numa tentativa de batalhar por aquilo que realmente importa, ou seja, a felicidade. Nessa foto, em que eu estou sorridente, depois de lutar bravamente, após uma longa jornada de sacrifício, abdicação e abnegação, percebo-me feliz. E a felicidade não é pela vitória por mais que seja ótimo vencer. A felicidade se materializa por que eu estou aí, por que eu quis está aí e por que, se Deus me permitir, eu continuarei estando aí.

É preciso lutar pela felicidade…

Régis Barros

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Reflexões para Campeonatos

10 pequenas reflexões e aprendizados sobre os Campeonatos de Lutas Marciasi

1o) O campeonato é além do dia da competição. Ele começa bem antes com a preparação, a disciplina e o foco e continua bem além do seu término com a colheita dos ensinamentos.

2o) Medalhas são fantásticas e de grandes felicitações, mas a vitória está na beleza de poder ser feliz, superando seus limites, abdicando de muita coisa e se sacrificando em prol do objetivo.

3o) É preciso ter amor ao mestre e um respeito honroso com sua equipe, pois representamos não a si mesmos, mas a um coletivo de homens e mulheres honrado(a)s. Meu carinho e respeito aos meus mestres – Juquinha (EQUIPE JUQUINHA), Renato Ferreira (Brasília Luta Livre) e Léo Pinheiro/Igor Pakato (Molon Labe Combat)

4o) O crescimento e a evolução vem com a repetição e a dedicação. Não há outro caminho.

5o) Ora perdemos, ora ganhanhos. Faz parte. Assim, também, é a vida. Parafraseando o meu amigo Bettini, um ícone das artes marciais, não devemos ficar em êxtase arrogante pela vitória nem mergulhar num luto mortificante pela derrota. É seguir e continuar a jornada.

6o) Competir é felicidade. Sendo assim, é necessário correr atrás disso. Logo, competir repetidas vezes é o caminho. Ser feliz deve ser uma busca

7o)Treinar duro e intensamente, de forma honesta e ética, como se tivesse lutando sempre uma final e competir de forma leve se divertindo sem se obrigar, pois lutar é essa bela incerteza de se testar.

8o) A competição e vivê-la abrem nossa mente à percepção dos acertos e dos erros. Assim, vamos melhorando e moldando o crescer.

9o) Nunca há derrota quando nos propomos a treinar com afinco para uma grande competição. O aprendizado e a paixão provenientes disso são as medalhas mais marcantes.

10o) Retornar feliz por ter vivido tudo isso é uma marca para o todo e o sempre. E, por isso, viverei tudo isso de novo e em breve, pois essa é a escolha certa. Retornar muitas vezes e competir de novo é uma certeza.

Por: Régis Eric Maia Barros

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Como competir

Sempre ficamos nervosos ao competir, a competição traz muita ansiedade e nervosismo. Mas de fato, como podemos diminuir essa ansiedade? 

Por mais que passe o tempo e tenha centenas de competições, ainda irá sentir o nervosismo, sentirá aquela sensação de frio na barriga, aquela vontade de que passe logo isso. Você faz várias perguntas. Porque me meti nisso? Preciso competir? E se eu perder? Eu quero ser campeão! Tenho que ficar no pódio.

Em primeiro lugar quase ninguém além das pessoas que te amam e próximas irão se preocupar com isso. Ninguém pensa como você pensa, a maioria vai entender sua derrota como algo que você precisa estar lá novamente para tentar vencer. E a vitória? A mesma coisa! É uma coisa que só irá satisfazer a si próprio, ainda mais quando trata-se de campeonatos que não tem relevância nenhuma, além de lutas extremamente difíceis que te evoluem como atleta. E mais um detalhe, mesmo que a competição seja nível mundial, televisionada, estrimada, ainda assim só aqueles que gostam disso estarão preocupados se você é campeão ou não. O fato que quem se preocupa com isso são apenas aqueles que estão vivendo isso. Mas não será só isso que irá acalmar você durante a competição, afinal isso é algo para você, que não importa se alguém está preocupado ou não. Você está! Você quer isso. 

Então tá. Vamos lá para algumas dicas.

Entenda que você está na competição pela sua jornada, pela sua satisfação própria, pela sua saúde, pelo seu treinamento, para sua evolução e claro, pela sua equipe.

Entenda que é melhor uma derrota do que não lutar, saiba que você vai estar evoluindo entrando na competição do que só sonhando estar lá. 

  1. Treine com antecedência e foco. Lembre-se que tem gente que vive disso, provavelmente ele não só fez o treino para competição mas treinou todos os dias e  todos os anos. Diversifique, escolha os mais graduados, pesados, leves, explosivos e ágeis para treinar.
  1. Preparação física. É preciso trabalhar a musculação, cardio-respiratório, praticar corrida e natação. Estimule a fadiga, pois uma vez que você a supere, você condicionará seu corpo a continuar. 
  1. Seu cérebro consome 20% da sua energia. O nervosismo, inconsistência é capaz de derrubar sua energia durante a competição ou luta. Todo treino de competição trabalhe com a hipótese que está na hora da luta. Mesmo que você perca esses 20% de energia, a sua preparação física irá compensar isso. Uma cabeça limpa vale mais que uma preparação física. 
  1. Beba muita água. Beber muita água é fundamental para manter o fluxo de oxigênio no cérebro, te mantendo mais inteligente e atento. Na hora do consumo exagerado de energia a inteligência fará com que você tenha atenção em aplicar a técnica correta. 
  1. Aparelhos de som pré luta. É muito legal assistir as competições e olhar as feras com seus fones de ouvido escutando suas músicas favoritas. Porém, se você é um iniciante talvez isso te atrapalhe. Fios, procurar música, propagandas entre as músicas, bateria e questões logísticas. Concentre com o que de fato interessa. Simplesmente aguarde sua luta focado, observando a luta dos seus adversários. 
  1. Aquecimento. Faça um aquecimento completo, solte seu corpo, alongue, fique atento com a chamada das chaves, fique ativo para entrar pronto. 
  1. Chegue cedo. Chegar cedo na competição fará que você fique ambientado, identifique toda a logística do evento, veja todos os lutadores que estão lá para competir, identifique sua categoria com antecedência, mantenha-se hidratado, acomode-se com pessoas conhecidas que te confortem, alimente-se com calma e tempo para digerir. Guarde bem seus pertences para não ter preocupações. Observe seus adversários lutando em outras categorias e até mesmo aqueles que provavelmente irão competir no absoluto.
  1. Substâncias reagentes. Esses tipos de substâncias podem fazer com que você perca rendimento em um alto consumo de energia, se o seu adversário suportar o seu investimento explosivo, pode ser que você venha perder mais do que poderia. Fique atento a isso.
  1. Atenção aos juízes. Lembre-se, seja educado com eles, tenha cordialidade e durante a competição não comunique-se com eles para reclamar. Seja amigo e transparente. Normalmente eles não gostam de reclamações, em caso de dúvidas tenha alguém filmando claramente sua participação, assim você poderá debater.
  1. Regras. Esteja sempre atento ao que pode e o que não pode, mantenha a conduta de atleta, e seja responsável. Lembre-se das vestimentas adequadas, regras de higiene, horário e sempre atento para ouvir a sua chamada. 
  1. Alimentação. Pré competição, talvez, seja aqui uma das principais obrigações para uma boa competição. Alimente-se bem, coma coisas saudáveis, busque o peso correto com antecedência. Tenha um nutricionista, mas em caso de não ter, busque na internet formas de se alimentar para competição. Aqui posso passar minha história. 30 dias antes da competição eu paro com qualquer bebida alcoólica e refrigerantes, corto todo tipo de alimentos de alta taxa de gordura e sódio. Bebo somente água e substituo os sucos por cápsulas de vitamina c, d, e e. A creatina é muito importante e whey protein também. 

Competição nunca será um fator predominante de um grande lutador, o lutador vai além disso, marcialidade, postura, sabedoria e técnica. Nem todos serão competidores e isso jamais os tornará menos que aqueles que competem. 

O mais importante para que você não se sinta derrotado é a caminhada, é o progresso que você obteve até a competição, as abdicações, o treinamento pesado, o que te tirou do seu conforto, a dor, alimentação, a dedicação para que você se saia bem. Mesmo que seja derrotado você tentou, e não é só isso, você aprendeu, você sabe exatamente no que você errou, sabe exatamente o que precisa melhorar. 

Tenha uma excelente competição e espero que tenha ajudado. deixe o seu comentário.

Por: Carlos Neri (Cachorrão)

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Andre Vitor BLL – Faixa Roxa

Esse mês completei 4 anos de Luta Livre, como disse meu mestre algumas vezes: ” eu entrei nessa modalidade de luta menino, e me formei homem”, foram 4 anos de muito aprendizado, a luta entrou no momento certo da minha vida, eu também entrei menino… Aprendi a lidar com as pessoas, a lidar com os próprios medos, que confiar em si, é a sua principal arma na vida, que os momentos difíceis e de reviravoltas dentro do tatame são como a vida. Aprendi a aguentar firme os apertos das chaves, quedas e transições.
A luta livre me deixou calmo, mais atento, me ensinou a planejar, a resistir até o fim e saber meus limites. Me sinto muito feliz em fazer parte dessa família, são poucos que conseguem permanecer e aguentar a pressão e hoje sou um deles. 4 anos, faixa roxa, alguns campeonatos, algumas lesões, muitos amigos e irmãos, hoje tenho a oportunidade de ensinar crianças numa escola, não sei o amanhã, tenho muitos sonhos e um deles eu guardo no peito pra um dia fazer história!

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